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(Fonte da Imagem: Google Imagens - Adaptado)

Em razão do anonimato, irei apenas dizer que trabalho na área da saúde.

Ultimamente temos excedido nossa cota de pacientes estranhos. Um deles, em especial, tem estado em minha mente há algum tempo.

A garota em questão, deu entrada recentemente, e sua história é perturbadora o suficiente para percorrer por entre todos os departamentos da instituição. Cansado de ouvir a mesma fofoca repetida sem parar, peguei sua ficha afim de comprovar se tais rumores eram realmente verídicos.

Desejara eu não ter feito isso.

O que irão ler a seguir, trata-se de uma versão de seu relato pessoal por escrito:

                                                                                                                                          

Honestamente, isso tudo não passa de um grande mal entendido. Eu estou bem. Não sou o problema. Há alguém lá fora, e ele é responsável por isso. Estão fazendo isso para me torturar. Eu nem deveria estar aqui. 

Eu tive alguns problemas quanto a minha forma física, não posso negar. E eu estava decaindo em outra tentativa de dieta quando isso aconteceu pela primeira vez. 

Estávamos celebrando a promoção de Becky. Nós cinco fomos jantar - num restaurante muito bom, mas não me recordo qual - e minha força de vontade estava a funcionar, eu permanecia vazia. Todos nós tomamos um ou dois copos de vinho, até que finalmente minha salada foi servida. 

Decidi então que comeria apenas a metade, e apenas isso para não causar uma cena na noite de Becky, mas as garotas sempre me importunam quando me recuso a comer. 

Ainda assim, não pude deixar de pensar que não foi por acaso que o mais magricela de nós cinco foi o primeiro a ser promovido. Nós todos nos graduamos há mais de um ano, e o mundo real era como um forte tapa na cara. Nenhum de nós estava onde realmente queria estar. 

Com exceção da Becky, é claro. 

A fome me acertou o estômago numa dor constante, tanto que, quando o garçom colocou um queijo em minha salada, eu não recusei. Minha vontade era de jogar tudo aquilo fora, me recusar a comer, mas minha fome era tanta...

Foram duas colheradas, odiando a mim mesma por estar fazendo isso, mas ao mesmo tempo com o rosto feliz para não decepcionar as garotas. Foi então que encontrei um longo e preto fio de cabelo, em meio as folhas de alface. Imediatamente senti um desgosto - quase o comi sem perceber.

Nos serviram com refeição a cortesia. As garotas não me perturbaram mais quando disse que já estava satisfeita - o cabelo havia abatido minha fome por completo. 

Eu estava nas nuvens para o dia seguinte e o próximo. Não estava com fome, nem estressada - foi incrível. Pensei que finalmente havia encontrado uma forma de auto-controle, mas acredito que as garotas pensavam o contrário - ou talvez apenas a Becky.

Eu estava no almoço com Andréa quando a fome começou a chegar a um ponto de ruptura novamente. Esgotada e triste, cedi e pedi uma grande salada. Andréa sorriu e disse algo sobre estar lá para mim, caso precisasse conversar - e tinha certeza de que estava - seu sorriso vagamente sinistro e zombador, como se tivesse certeza do que viria a acontecer. 

Enquanto comia, encontrei uma unha em minha salada. Uma unha vermelha falsa. Essa nojeira é repugnante, imagina quantos germes tem embaixo de uma unha falsa. E, novamente, não consegui mais comer, minha fome se foi. 

Parte de mim estava aliviada e empoderada. Já faziam duas semanas sem comer de verdade, e essa coisa, completamente repugnante, de certa forma realmente estava me fazendo perder peso. Mas não sou louca, nem estúpida. Sei que devemos nos alimentar às vezes. 

Um, dois dias se passaram novamente. Pedi salada e frango durante o almoço com Becky, ela não parava de falar sobre seu novo trabalho e o quanto seu chefe fica dando em cima dela. Mesmo que por fora eu estivesse feliz por ela, por dentro eu a odiava. Então mantive o foco na minha comida, que estava uma delícia até que...

... mordi algo que me fez cuspir na hora.

Lembro-me exatamente o que Becky disse quando viu o que havia saído da minha boca:

"Ah meu Deus... isso... isso é um dedo do pé?"

Depois disso o local foi interditado por tempo indeterminado, mas ninguém conseguiu descobrir de onde e nem de quem aquele dedo do pé tinha vindo e, obviamente, o dedo não era de nenhum dos funcionários. Becky aproveitou esse escândalo para aparecer na televisão, embora fosse na minha comida que o dedo estava. 

"Isso é o cúmulo! As pessoas podem ficar seriamente doentes se eles acidentalmente comerem algo assim.", ela disse ao repórter.

Até comecei a pensar se ela tinha algo a ver com isso...

O choque do ocorrido me dominou, minha fome se foi por quase um dia inteiro - mas meu alívio e prazer foi de curta duração. Eu sabia que, cedo ou tarde, teria que começar a comer novamente. Então, para evitar cair em mais uma das brincadeira doentias da Becky, resolvi usar as máquinas de venda automática do shopping. Eu me odiei naquele momento, olhando para as barras de chocolate e me sentindo fraca... mas eu tinha que comer... já não conseguia mais aguentar... 

O chocolate deixaria tudo certo.

Mordi aquela coisa tão... tão incrível... doce... doce chocolate...

Foram apenas duas mordidas até eu ver algo entre a embalagem e o chocolate, do meio para baixo. Quanto retirei toda a embalagem ataquei aquela coisa no chão e vomitei na hora. 

O que estava naquele chocolate sem dúvida alguma era um retalho de pele. 

Será que alguém havia violado a embalagem antes de por na máquina? 

Não... Não pode ter sido ela. Como ela fez isso? Como saberia? Deus... aquilo ainda tinha gotas de sangue. 

Eu estava aterrorizada e com um ódio tremendo, torturada, mas ainda lutando contra meu próprio desejo de comer. Tive que pedir uma fatia de pizza na praça de alimentação. Ela veio com uma grande bolha na crosta... Na desconfiança doentia, depois de tudo o que aconteceu, rasguei a bolha de ar, encontrando o que parecia ser a córnea de alguém no interior. 

Maldita Becky - ela deve estar por perto, me seguindo, fazendo essas coisas horríveis comigo. Talvez ela tenha a ajuda de todas as meninas.

Peguei meu carro e dirigi.

Ao anoitecer, havia atravessado o estado. Parei em um restaurante de remanso que nunca ouvi falar. Aliviada, pedi um hambúrguer para um senhor muito educado que provavelmente era o proprietário. Não havia nenhuma maneira da Becky ou as outras interferirem com a minha comida aqui... 

O hambúrguer foi servido num prato decorado e tinha uma cara suculenta. Eu ainda considerava não comer, ainda considerava continuar a minha dieta... e eu me odiava por ter que ceder... mas não queria morrer. As pessoas têm de comer! 

Fiz uma pausa antes de morder.

Ergui o pão e investiguei o conteúdo. Tudo parecia normal, até que levantei o tomate da alface. A princípio não soube o que era... uma coisa acinzentada e também um pouco rosada, misturada com ketchup... Eu o ergui e olhei para ele, até que finalmente entendi.

Era um pedaço de matéria cerebral.

Eu teria vomitado, mas meu estômago estava completamente vazio.

Eu dirigi para longe de lá o mais rápido que pude em direções aleatórias. Não sei como Becky e as meninas me seguiram e nem como previram o que eu iria comer, mas eu tinha que evitá-las...

Até pedi para que um garoto me fizesse um sanduíche e observei todo o processo, me certificando de que nada estranho havia sido colocado - ele me entregou, eu abri e - Ah meu Deus... - Ainda me lembro de sua expressão assustada e confusa quando gritei... 

Mas uma estranha calma veio depois disso. 

Três semanas sem comer? Quatro? Eu sabia que iria morrer se não comesse. Então tive esse pensamento estranho; Eu tive essa ideia de um lugar que não poderiam prever, que não poderiam fazer essas bizarrices nojentas. 

E então encontrei. Eu encontrei. Eu consegui - eu as venci.

Achei a mais deliciosa das saladas e a devorei desesperadamente, me empanturrando, sabendo que eu finalmente estava salva.

Mas devo dizer, não era o que eu esperava encontrar quando fiz isso pela primeira vez. Mas faz sentido agora. 

Quando quebrei sua cabeça com aquele cano, mal pude acreditar.

Ele caiu. Salada e frango espalharam pelo chão. 

Uma alface verde, fibrosa e crocante. Pedaços de frango ao molho... O molho... Aquele molho era a coisa mais deliciosa de todas. 

Eu estava achando pedaços de pessoas na minha comida, não importava onde comesse... então o único lugar lógico para encontrar algo comestível era... 

Dentro das pessoas...

                                                                                                                                          

Temos que alimentá-la por via intravenosa. A comida normal a aterroriza e a desgosta. A coisa toda me faz pensar como, hoje em dia e com essa idade, a mídia ainda imponha padrões de beleza de forma tão opressora sobre nós....

Embora não seja a paciente mais estranha que temos aqui, ela me interessa por sua capacidade de manipular as enfermeiras. Aparentemente - e ninguém nunca descobriu quem a ajudou - ela convenceu alguém a esgueirar partes do corpo em sua comida nas primeiras vezes que tentamos alimentá-la.

Pelo menos, essa é a única explicação que faz sentido para esse incidente...

[Atualização: Li mais alguns arquivos, e eles continuam a me perturbar]

[Próximo Capítulo: O Bonewalker]


Tradução Livre por: Alan Douglas

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