Alice e Megui andaram até o outro cômodo passando ao lado da
‘sala’ de canto. Ao passarem perceberam que o vaso de flores - em cima da
mesinha de centro – agora tinha uma flor branca, a flor parecia recente e
bonita, não da forma que deveria estar, murcha e sem vida há anos.
Alice não fez nenhum comentário.
As duas garotas seguiram o restante do caminho. Ao lado
direito, Megui percebeu que abaixo da escada existia uma porta dupla, curiosa
avisou Alice e a convenceu a chegar perto fazendo-a perguntar:
- O que será que tem ai dentro?
Megui já estava suficientemente perto da porta para conseguir esticar a mão e sentir a maçaneta encaixar perfeitamente ao nó de seus dedos, ela sussurra para Alice:
- Não sei, mas não deve ser nada. Fica perto de mim. Nos filmes que
eu assisti, quando se abre alguma porta não é bom ficar na frente, se acontecer
alguma coisa vai dar para desviar.
Alice enruga a testa e pergunta:
- Eu acho que você está assistindo filme de mais não acha?
Alice seguiu as orientações de Megui. Assim que ela abriu a
porta, perceberam que a porta dava para um armário com muitas latas. Latas de comida em conserva.
Megui colocou a mão na frente do rosto para simular mal cheiro. Mas não cheirava a nada estragado.
- Isso deve estar podre.
Alice entrou na dispensa e consultou algumas latas, olhando as datas e falando:
- Estas são recentes, não estão nem perto de vencer... Acho que
alguém se apossou deste lugar, um sem teto talvez... acho que não dá pra fazer a
festa aqui, vamos ter que arrumar outro lu....
Alice foi interrompida por um barulho no outro cômodo.
Saíram rápido da dispensa e andaram devagar para a porta.
Ao chegarem na passagem para o cômodo, viram que se tratava
de uma cozinha. A pia estava cheia de poeira e os armários fechados, a mesa de
jantar estava coberta por um pano, cujo Alice acreditava que um dia já foi rosa
claro. Não havia nada em cima da mesa ou pia. Não havia ninguém e o barulho
cessou.
Alice falou tentando se convencer:
- O barulho veio daqui... talvez fosse um rato.
Megui ficou ereta ao escutar novamente o barulho vindo do armário. Começou a se aproximar do armário dizendo:
- Parecia mais remexendo as coisas.
As garotas se aproximaram do armário afim de escutar melhor
o que poderia ser. Antes que pudessem ver, sentiram algo as observando mas
ignoraram assim que o barulho no armário recomeçou. Megui encostou na porta, flexionou o pulso e puxou a porta
bem devagar. Alice pode ver o que fazia tanto barulho.
Alice arregalou os
olhos de espanto. Quando Megui seguiu seu olhar para dentro do compartimento,
no mesmo instante ela gritou.
Alice foi arremessada contra o fogão.
Megui pode ver a cena
em choque. Alice sendo erguida e arremessada em direção ao fogão, ela bateu com
o som de algo quebrando, Alice engasgou e tossiu sangue, Megui correu em sua
direção, mas não antes de ver de relance a figura responsável pelo dano a sua
amiga.
Uma figura esguia alta e totalmente negra, as mão se
assemelhavam a grandes estacas, menos pelo fato de serem translucidas como
sombras.
A figura estava dentro do armário atrás das prateleiras, parecia se
fundir ao fundo do armário como uma pintura.
Megui correu para sua amiga que tossia e tentava recuperar o
folego, e antes que pudesse faze- lo, sua perna foi virada para um ângulo
estranho. Megui olhou para cena e sentiu a dor lancinante em completo choque e
horror, Megui caiu no chão com um baque surdo, ela gritou com tamanha a dor.
Ao chamar pela amiga
que parecia desnorteada a frente do fogão, Megui presenciou o horror nos olhos
de Alice quando em uma tentativa desesperada de se levantar ela foi atingida em
um dos braços pela figura negra, a forma de uma agulha em tamanho sobrenatural
agora se movia no buraco feito na pele de Alice, dilacerando o músculo acima do
cotovelo.
Alice gritava de dor a medida que seu braço ia sendo separado do
resto do corpo, ela caiu em espasmos tanto pela dor quanto pela perda
considerável de sangue.
A figura agora na frente de Alice ergueu novamente sua
garra e lentamente pressionou contra sua testa, fazendo com que filetes
de sangue brotassem do pequeno buraco recém aberto.
Alice tremia violentamente e engasgava, fazendo sangue
escorrer pelos cantos de sua boca, mesmo de lado, Alice deu uma ultima olhada
de soslaio para a amiga com olhos arregalados jogada no chão e mexeu a boca:
Megui pôde ver a medida que o buraco ia ficando maior que de algum
modo a figura tremia, mas de um jeito conhecido... Rindo...
Megui precisava levantar, precisava gritar por ajuda... seus
amigos...
Megui reuniu todas as forças que tinha naquele momento e mesmo com
a perna inútil, ela se aproveitou da ocupação da figura negra com o corpo de
sua amiga no momento, e se arrastou em direção a porta da cozinha, a figura
virava lentamente como se soubesse que Megui tentava fugir e foi atrás delas.
Caminhando bem de vagar, havia sangue na ponta de sua garra.
Megui reuniu todo o resto de força e lucidez que ainda tinha e
rolou para fora da cozinha. Quando olhou para a entrada do cômodo não havia
nada... Megui olhou em direção ao fogão e sua amiga estava jogada em um ângulo
estranho no chão. Todo aquele sangue, toda aquela pele dilacerada...
Megui
vomitou. E chorou, chorou como a anos não chorava. Chorou por que seus pais a
queriam levar em bora, para longe de seus amigos, chorou por ter pedido que
fizessem sua despedida e se culpou por ter pedido que viessem com ela.
Se ela não tivesse levado seus amigos a este lugar, Alice não
estaria morta e ela não teria quebrado a perna.
Amigos...
Megui se lembrou de Aline, Erick e Eduardo no andar de cima,
precisava chegar até eles... precisava contar oque aconteceu... precisavam sair
daquela casa horrível...
Não percam o próximo capitulo : 1º Andar !!!
Escrito por: Camila Cruz
Acho q nunca fiquei tão ansiosa para uma segunda-feira chegar.
ResponderExcluir(Seria massa colocar uma imagem de algo que pudesse parecer com essa figura sombria para estimular a leitura.)
Que bom que está gostando, foi feito com todo carinho rs
ResponderExcluirCom relação a imagem, posso tentar alguma coisa semelhante.
Realmente a imagem seria uma boa. Temos que dar uma boa estudada, pois por se tratar de conteúdo autoral, meter uma imagem qualquer achada na web não seria muito viável.
ExcluirPrecisamos de um ilustrador.