Papuda

(Fonte: Google Imagens)

Já faz horas que ela está na cama, dormir parece muito mais difícil que o normal. Um sentimento estranho toma conta do ar, uma culpa e algo como um pressentimento de que algo ruim vai acontecer... 

O medo toma conta, mas porquê? Que barulho foi esse?

Carol fica imóvel.

"Puta merda..."

A dúvida de abrir os olhos a toma, mas o medo  também...

"O que está acontecendo comigo? Não importa..."

Ela  se vira na cama, em direção ao criado mudo onde havia um radio relógio. 

Carol abre os olhos...

"3:15... preciso dormir..."

Novamente, um barulho chama a atenção...

"Cacete, que susto! Que merda de barulho é esse?"

O som parecia vir de seu guarda-roupa, que estava à suas costas. Ao ouvir o som, os cabelos de Carol pareciam querer saltar do corpo, de tão arrepiados.

"Por favor, meu Deus, seja o que for esses barulhos, que parem..."

Carol nem bem terminou esse pensamento e o som que parecia de galhos arranhando o guarda-roupa por dentro se tornaram o ranger da porta do mesmo se abrindo...

"Ai meu Deus... que merda é essa!?"

Carol tenta ficar imóvel, porem involuntariamente ela treme. O rangido cessa, e antes de qualquer coisa, sons de passos surgem, indo em direção à cama. Suor começa a escorrer pela testa de Carol, que nessa altura não consegue formar nenhum tipo de pensamento. Em instantes ela sente como se alguém sentasse em sua cama, a suas costas, e sente um odor repugnante, como de carniça, o engulho é inevitável.

Ainda tremendo, sente como se alguma coisa se curvasse por sobre ela, e sente na lateral de seu rosto o passar de cabelos molhados, que deixam algo viscoso colado em suas bochechas. Paralisada de medo, Carol sente que aquilo em seu rosto é tão malcheiroso quanto o que infestava o seu nariz naquele momento.

Ela sente que o medo a fez perder alguns controles do corpo, e sentia o fluir do liquido quente por entre suas pernas, e para piorar aquilo que ali estava voltou a se mexer, e em um rápido movimento, algo bate em frente ao seu rosto, ela até tentou fechar os olhos, mas nem isso conseguiu, e viu em frente ao seu rosto, ossos que formavam uma mão e o antebraço, e pôde perceber que em um dos dedos havia um grande e dourado anel. 

Nada fazia sentido. 

Carol tenta reunir coragem, e começa a se virar na cama, mas ao virar o rosto ela se depara com a pior visão do mundo. Algo que parecia ter sido uma mulher, com a pele apodrecida e enegrecida, cabelos escuros dos quais escorria algo similar a sangue, porém mais viscoso, como gordura, com um rosto demoníaco, olhos fundos e sem vida, com uma bocarra gigantesca e um papo maior ainda, a parte de baixo de seu rosto chegava até a metade de seu peito. 

Aquele braço esquelético que viu não era o da criatura, que por sua vez eram finos e com a pele enrugada e cheia de feridas. Aquela mão esquelética era como o bastão de tal criatura, pois ela o segurava com uma das mãos. A encarada durou poucos segundos, e foi horrível perceber tantos detalhes perturbadores, mas o pior foi que após essa breve encarada aquele ser abre a bocarra em seu máximo e grita. 

Carol, por menos de um segundo olha aquela boca, digna de ser um portal para o mais profundo inferno, e percebe os dentes podres e quebrados, entre eles parece haver cabelos humanos. O grito é assustador e atordoante, Carol fecha os olhos.

Após alguns segundos ainda tremendo, percebe que tudo está em silêncio.

Lágrimas escorrem pelo seu rosto, que não consegue esconder o seu pavor. Mas está tudo quieto, e então ela resolve abrir os olhos.

Ao abrir os olhos, ela está de frente para o rádio relógio, que marca 3:14.

Nesse momento o relógio passa para as 3:15, e um som de galhos arrastando na porta do guarda-roupa seguido por passos, faz com que a alma de Carol saia de seu corpo...

Ela se levanta correndo, tranca a porta de seu quarto por fora e vai até a cozinha tomar um copo com água, acende todas as luzes da casa e pensa:

Dormir nem pensar...

Escrito por: Mário Resmin

De: Não Entre Aqui