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Andressa e eu vivemos juntos desde que tínhamos 16 anos, uma decisão tomada cedo mas que foi necessário. Uma família onde não se tem estrutura o melhor a  fazer é o afastamento, isso te impede de crescer.


Andressa sempre foi a mulher da minha vida, nunca brigamos, nunca tivemos um dia ruim dentro da nossa casa. O sonho dela era ser mãe, acho que toda mulher tem esse sonho; em grande parte pelo menos. Tentamos por 4 anos, 3 gestações, 3 abortos em diferentes períodos, mas, era muito incrível o fato de ela não ficar triste tempo suficiente para lidarmos com o luto, ela sempre estava feliz com absolutamente tudo.


Aqueles sorrisos e abraços, eu não poderia querer mais nada.


No ano passado eu estava trabalhando e Andressa me ligou chorando, eu não podia entender se era alegria ou tristeza eu só entendia que eu tinha que ir para casa. Sai do trabalho o mais rápido que pude, quase não parei nos sinais e faixas de pedestre, juro que se meu Kwid fosse mais leve eu teria capotado o carro na esquina da rua de casa.

Andressa nunca estava triste imaginei que o pior poderia ter acontecido.

Cheguei em casa ofegante, sai em busca dela em todos os cômodos, a encontrei no escritório sorrindo como se carregasse o mundo em seus lábios.


Perguntei a ela oque havia acontecido para ela estar daquela forma, ela pediu que me sentasse e juntou as mãos sobre as minhas e disse no mais lindo tom:


- Estou grávida!


Aquilo me tirou do chão por um instante, eu não sabia qual reação ter primeiro, não sabia se pulava, se saia correndo pela rua gritando que iria ser pai!


Essa foi a noticia mais maravilhosa que tive nesse último ano. Esperamos a gestação vingar, fizemos o pré-natal e tomamos todos os cuidados do mundo para que saísse perfeito, os meses iam se passando e Andressa Alternava entre cores de vestido para representar a maravilha da vida que estava em seu vente.  Os meses se passaram e eu via aquela barriga redondinha perfeita que carregava meu filho.


Finalmente consegui tirar minhas férias para acompanhar o último mês dela. Foi tudo perfeito, o parto foi lindo, aquele menino era lindo, sem defeitos, a criança mais perfeita que eu já vi.

Uma alegria sem tamanho tomou conta de mim, a anos tentamos sem sucesso e finalmente ele havia chegado para nós, o parto foi muito difícil, mas, saiu tudo conforme o planejado.


Aquela criança, meu filho, meu Davi.


Tirei uma licença maior para ajudar Andressa a cuidar do nosso lindo Davi, mas algo não estava certo. Andressa sempre estava disposta para nosso filho e para mim, nunca brigava por absolutamente nada. Os meses se passavam e meu filho já estava com dois anos, essa é a fase em que achamos necessário ensinar a comer sozinho. Davi estava sentado em sua cadeirinha de jantar e sorria de uma forma tão linda e se sujava tanto que eu ria até a barriga doer. Mas algo estava errado.


Tudo perfeito demais, tudo lindo de mais. Não é possível que uma família seja feliz 100% do tempo.


Observei minha família.


Numa manhã de terça eu não escutei Davi chamar sua mãe como fazia todas manhãs, fui até seu berço e ele não estava, Andressa também não estava por perto, quando cheguei na cozinha ela estava na mesa oferecendo fruta para o Davi.


Me aproximei para dar bom dia ao meu pequeno, mas, quando cheguei perto ele não se mexia, não respirava, a sua face não era a mesma.


Gritei com Andressa, queria saber onde estava o meu filho, eu não o escutava na casa, corri todos os cômodos e não o achei, entrei em desespero, segurei nos braços de Andressa e a sacodi, ela não entendeu a minha reação ao apontar para a cadeirinha onde ao invés do meu filho estava um boneco de pano do tamanho de meu pequeno Davi.


Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, Andressa trocou nosso filho por um boneco de pano.


Eu tinha que chamar a polícia, mas, se eu fizesse isso poderia nunca saber onde Andressa escondeu nosso filho. Sai por toda vizinhança perguntando sobre meu Davi todos davam a mesma resposta. A última vez que o viram foi na noite passada quando voltamos da lanchonete. Todos diziam não ter visto sair pela manhã.


Meu Davi... Meu pequeno Davi.


Voltei para casa e implorei para que Andressa me dissesse que tudo era uma brincadeira e fosse buscar nosso filho, mas, ela insistia que aquela coisa era nosso Davi.

Um pedaço de pano não era meu Davi.


O desespero foi tamanho que decidi entrar em seu jogo. Fingi durante uma semana que aquela coisa era meu filho até a oportunidade de joga-lo fora e ela ser obrigada a me entregar o meu anjinho.


Andressa sabia que eu estava diferente e todas as vezes que eu queria pegar em meu como aquela coisa, ela o afastava e quase não me deixava toca-lo. Ela sabia oque eu queria fazer, por que Deus estava deixando isso acontecer?!


A noite quando Andressa finalmente dormiu e colocou aquela coisa no berço eu me apressei em pega-lo e joga-lo fora, joguei na cesta de lixo do lado de fora.

Andressa acordou desesperada dizendo não encontrar aquela coisa que ela insiste em chamar de filho.


Implorei para que ela me dissesse onde ele estava. Ao avistar o boneco no lixo ela correu em desespero para pega-lo. Era isso, ela estava ficando louca e queria me deixar louco também.

Assim que ela passou pela porta com aquilo eu fui até a cozinha pegar uma faca, eu iria desmontar esse boneco ridículo de uma vez por todas.


Consegui ouvir os gritos de terror de Andressa, os tapas dela não eram fortes o suficiente para me impedir. Eu queria meu filho, não aquela coisa, ouvi ela ligar desesperada, não consegui escutar pra quem e nem o por que.


Se a policia chegasse eu iria entregar Andressa por sumir meu filho. Arranquei a cabeça daquele boneco estúpido e seus olhos de botão sem vida, descarreguei tudo que eu sentia e a saudade do meu Davi.


Só uma coisa me deixou mais intrigado do que a polícia entrando na minha casa e me rendendo como se EU fosse o criminoso.


Eles tinham que prender ela não eu.


Não entendi os gritos de Andressa.


Não entendi os policiais.


Não entendi todo aquele sangue em mim.


Não entendi como um boneco poderia sangrar tanto.


Escrito por: Camila Cruz

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