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O cheiro ferroso inconfundível novamente me inebria, só Deus sabe a sensação de prazer que isso me traz... Meus pelos se eriçam só de imaginar os jato rubros vindo em direção ao meu rosto, e após alguns instantes, aquele sabor inconfundível das gotas que insistem em cair em meus lábios, e assim só aumentando minha sede, e a cada nova estocada, mais jatos escarlates insistem em jorrar em meu rosto, fazendo eu me render ao desejo de saciar minha sede, abrindo minha boca para sentir todo o fluido morno e saboroso se infiltrar em minha língua, fazendo minhas papilas gustativas entrarem em êxtase. Nesse momento sei que me torno mais que um reles mortal.
***
Sei que pelas regras
da sociedade eu não deveria estar fazendo isso, não vou mentir, pois quando fui
brevemente julgado, muitos me chamavam de monstro, que eu não era humano para
fazer tudo que fiz. E quer saber, eu me orgulho de ser chamado assim. Ser
reconhecido como humano me ofenderia. Pobres e insignificantes vermes. Se
realmente soubessem que eles não são o centro do universo... Mas não vou
desperdiçar o meu tempo nem o de vocês falando disso, pois creio que ninguém
gostaria de perder tempo lendo sobre uma coisa que está fadada ao fracasso
desde seu surgimento. Pois bem, venho por meio deste texto deixar meu relato,
que creio seja muito importante, pois eu achei o sentido da vida, mas, os
vermes que se julgam da mesma espécie que eu, não conseguem entender. Então
para assim deixar meu legado, vou escrever uma espécie de diário, onde
mostrarei algumas de minhas criações. Preciso deixar claro que não posso me
identificar, pois isso poderia me trazer consequências que podem atrapalhar
meus planos, mas contarei em detalhes cada passo para minha verdadeira obra.
Para o primeiro
capitulo, deixarei aqui os últimos fatos que aconteceram, devo dizer que tenho
as mãos sujas de sangue enquanto escrevo.
Capitulo 1 - Ratos
Fui preso, apesar de
me apontarem o dedo e me chamando de monstro, não tiveram coragem de me matar, me deixaram em uma cadeia com vários ratos sarnentos, e não falo de roedores.
Demorou bem pouco, para ser mais exato, dois dias para eu conhecer um lugar que
eu gostava naquela prisão, deixem eu me explicar melhor.
Fui preso e no
primeiro dia me deixaram na delegacia, antes de me jogarem naquele esgoto que
chamam de cela. No segundo dia, um guarda muito grande e com cara de mal tentava
me assustar, e batendo nas grades com um cassetete, que pelo tamanho de ambos,
aquele guloso usava como consolo. Ele, gritando a ponto de cuspe voar em minha
direção dizia:
— as férias acabaram
seu bosta! Você quer ser ruim?! Quer ser o monstro?! Então tenho um lugarzinho
para te mostrar!
Aquele pobre escroto
que deve ser sodomizado pela própria mãe não conseguia segurar um sorriso enquanto
me conduzia para a cela. Passamos por um longo corredor onde dos dois lados
haviam celas, e aquele que provavelmente tentava compensar algo gritava:
— tá chegando carne nova! Olha a carne fresquinha!
O corredor se tornou
turbulento, os braços dos detentos faziam sentir como se estivesse andando ao
lado de duas centopeias gigantescas caídas. Eram centenas de braços e gritos
fazendo um estardalhaço. Eu me mantive calmo como de costume, mas aquele
segurança não conseguia segurar sua euforia, ele estava empolgado por estar me
levando ali. Pobre coitado. O infeliz nem imagina a verdade.
Chegando ao fim do
corredor, vi uma cela entupida de presos, todos com olhos sem vida, sem
expressão, esses não tinham os braços para fora das grades, mas os olhos deles
me mostravam que em suas cabeças haviam mais pensamentos tonitruantes que mesmo aquele
corredor multiplicado por dez não conseguiria alcançar.
Ao chegarmos em
frente aquela cela, ele a abriu, e nesse instante sem que eu esperasse, ele me
deu um empurrão me jogando por entre aqueles detentos. Eu estava esperando algum baque,
e só o senti ao chegar ao chão. Ao
levantar percebi que os presos fizeram uma espécie de corredor polonês, que ao
final se encontrava um homem sentado, com um copo de cerveja na mão, com um
sorriso dourado e me fitava, por essa cena entendi que aquele era o alfa daquela
rataiada. Com um gesto esse ser me chamou, e ao fundo pude ouvir gargalhadas do
guarda que me trouxe até ali.
Fui, andei me
recompondo, e reparei que de alguma forma aquela cela era diferente, quem
estava ali tinha muitas regalias, ao me aproximar senti aquele odor asqueroso
amadeirado de marijuana, mas até então não sabia se era do uso da mesma ou de
um perfume de péssima qualidade que se fez moda nos últimos tempos. Os gritos
do corredor não eram potentes o suficiente para abafar a gargalhada do
engolidor de cassetete, e devo admitir que isso me deixou um pouco incomodado.
Os gritos podiam ser relevados, mas aquela gargalhada me dava asco. Cheguei
frente a frente com o tal alfa que estava sentado, ele me olhava com um sorriso
nojento, com um olhar de quem se acha superior, com uma arrogância sem sentido,
e isso se somando aquela gargalhada...
Me aproximei
bastante, me reclinei na direção dele, como se fosse falar algo em seu ouvido,
creio que ele ficou curioso pois se esticou como se quisesse ouvir, e nesse
momento cravei meus dentes o mais fundo que pude no pescoço daquele asqueroso,
pude sentir claramente os momentos onde meus dentes iam rompendo as camadas da
pele, entrando mais fundo, chegando a tecidos mais macios e delicados, que
continuaram se rompendo na medida que eu apertava mais minha mordida, até
chegar no que creio ser uma das carótidas, por um breve momento senti ela
pulsar encostada em meus dentes... Que sensação linda... Mas não pude apreciar
mais, pois, delicada, ela logo explodiu dando vazão a quantias enormes de
sangue. Queria ter aproveitado mais o momento, mas então senti na língua uma
sensação horrível, e foi ai que descobri que aquele cheiro era do perfume de
quinta... Pelo criador... Como eu odeio
esse perfume...
Ao retirar minha boca
do pescoço, pude ver os olhos assustados daquele que já não mais é o alfa
daquelas ratazanas. Com minhas mãos, limpei um pouco minha boca, pude sentir
alguns pedaços de pele e carne entre meus dentes, mas senti um alívio, só então
me dei conta do silêncio que começou a ecoar por todo aquele local. Como o
silêncio é agradável, sabe-se lá quanto o mundo seria melhor se o som não
existisse...
Olhei para os demais
ratos daquela gaiola, o olhar de todos era de medo, quem poderia imaginar
aqueles trogloditas com medo de mim, não vou dar muitas explicações, pois isso
pode me entregar, mas digamos que meu físico é semelhante ao Di Caprio quando
ele fez Titanic, talvez um pouco mais espadaúdo. Mas o fato é que aqueles que
estavam ali para me amedrontar, é que estavam acuados, aturdidos e amedrontados.
O sangue esguichou
por uma última vez e só então é que outros guardas chegaram, e antes de
entrarem na cela, dispararam uma arma de choque. Devo dizer que é engraçado por
alguns instantes não poder controlar meu corpo, então mais um par daqueles
pequenos dardos com fiozinhos me atingiram, e eu continuava consciente, apenas
não conseguia controlar meus membros, só então um outro guarda entrou na cela,
vi que ele pegou um cassetete retrátil, e eu pensei: “ ao menos esse é mais discreto. ” E então olhei para o guarda que
me levou até ali, ele tinha uma expressão de medo e pânico, eu acho que foi nesse
momento que ele se deu conta do que poderia ter acontecido com ele naquele
trajeto, ele estava paralisado, e eu tremia, tremia muito por causa das
descargas elétricas, mas consegui, antes de ser atingido pelo guarda que entrou
na cela, sorrir para aquele guarda bumbum guloso, e devo dizer, antes de eu
apagar com o golpe na cabeça, fiquei com a impressão de que aquele guarda sujou
as calças ao me ver sorrir para ele.
Não sei por quanto
tempo fiquei desacordado, e pelas dores no corpo, acho que os guardas
descarregaram todo o estresse que tinham em meu corpo. Demorei um pouco para me
situar, pois estava num lugar escuro, úmido e malcheiroso. Tirando pelo cheiro,
que lugar agradável.
Ao me situar, percebi
que estava em uma solitária, mas sinceramente, eu achava que celas assim eram
coisas de filmes, mas para minha sorte não, são reais, e a que eu estava era
fria e isolada, demorou um tempo para minha visão começar a se adaptar àquele
ambiente, pois não havia uma fonte de luz, o silêncio era quebrado somente em
dois momentos, no gotejar de uma das paredes, creio que devido a umidade, e
também pelo guinchar de alguns ratos que por um dos cantos daquele lugar ali
entravam. Sorri ao ver aqueles ratos, pois eles eram mais agradáveis que os da
cela que passei a pouco.
Fazia tempo que eu
não me sentia tão bem, quieto, isolado, e pude então por minhas ideias em
ordem. Fazia tempo que eu não conseguia meditar tão bem.
Sentei em posição de lótus,
alinhei minha mente e meu corpo, e então esvaziei meus pensamentos, e em pouco
tempo eu estava mais leve, mais calmo. Então continuo a meditar e busco lugares
além da mente. Após algum tempo, me via em um lugar sem cor, sem luz, podia
sentir uma pressão, um peso. A respiração era pesada e fria, como se estivesse
preso dentro de um bloco de gelo. O ar cada vez mais escasso me fazia perder um
pouco dos sentidos, e se você quer sentir o que realmente é claustrofobia,
tente se imaginar preso em um bloco de gelo, sem poder se mover, com cada
inspiração o ar ficando mais raro e frio a ponto de fazer seus pulmões queimar.
Mas mantive a calma. Ficar nervoso de nada adianta, como aprendi em outras
vezes que minha mente me trouxe aqui, preciso manter e ter o controle. Então em
minha mente mantenho um sorriso no rosto, mesmo que meus pulmões queimem e
congelem como se eu estivesse respirando nitrogênio líquido, eu vou continuar a
respirar. Me levanto e vejo que o gelo cresce rapidamente em todo o lugar, meu
coração está blindado, mas cada vez é mais difícil aguentar, talvez sair ou
morrer aqui sejam esperanças que vão levar para o mesmo lugar, então eu faço
meu coração disparar. Vejo essa imponente barreira que quer me conter, e não
consigo a aceitar, quero a romper, quero ultrapassar qualquer limite, minha vida
me mostrou que preciso ter controle total de corpo, mente e emoções, e por mais
que eu tente, só consigo controlar 100% meu corpo, minha mente e emoções não
passa de 70%, sei que é mais que 99,99% da população que já passou pela Terra
conseguiu, mas não é o suficiente, eu quero e vou conseguir mais. Tento voltar
a me concentrar mais profundamente, e então em minha mente voltam cenas do que
já passei, e então a sede volta, maldito efeito colateral, e quanto mais me
concentro, mais cenas de minha vida voltam a pipocar em meus pensamentos e mais
sede eu sinto. Então me vem na mente a cena que está mais vívida em minha
memória, estou naquela cela, mordo o pescoço daquela criatura, e me vem o gosto
daquele maldito perfume... saio de deu transe, foi uma boa meditação, fazia
tempo que não ficava tanto tempo dentro daquele iceberg dentro de mim. Aquilo foi
bom, mas abriu meu apetite. Estou sedento.
Como falei, tenho
100% do controle de meu corpo, e isso preciso explicar com detalhes, mas creio
que ainda não seja a hora para isso, mais para frente vocês vão começar a
entender melhor quem eu sou e assim uma explicação fica mais fácil. Só que ter
esse controle cobra um preço, e esse preço eu sei como pagar, mas ainda não
entendo bem o porquê de ter de pagar assim, mas esse controle me dá uma enorme
e incontrolável sede, de sangue.
Saio do estado de
meditação e percebo que, apesar de o ambiente, onde estou, ser congelante,
estou suado. Mas a elevação da temperatura corporal na meditação é algo comum. Me
alongo por alguns instantes e então ouço bem ao longe passos e consigo perceber
que vinham na direção da cela onde estou. Observo e logo crio o meu plano.
Sobre a porta de
entrada daquele buraco de cela que eu me encontrava, havia uma pequena saliência,
entre a parede e a porta, mas o suficiente para eu agachado ficar tal qual uma
gárgula em prédios antigos. Assim o fiz, e ao ir largar aquele vômito que
chamam de refeição, o responsável não me viu na cela, e talvez por sorte minha,
ou mesmo pela falta de luz ali naquela cova, antes de chamar por reforços, ele
abriu a cela para conferir. Foi a última coisa que ele fez. Na primeira brecha
da porta, saltei e com minha mão esquerda dei um golpe no pescoço, e novamente senti
os tecidos do pescoço de um humano se rompendo, e o sangue jorrando, estava com
sede, mas não poderia perder tempo ali, lambi meus dedos e prossegui. Para minha
surpresa, não tive dificuldades em sair daquele presidio, pois, a cela em que
eu estava era afastada das demais, e bastou não chamar atenção dos cães que
cuidavam do pátio e pular o enorme muro para me ver livre.
Já do lado de fora,
fui me esgueirando por ruas sombrias e becos, não conhecia nada daquele lugar,
mas queria me afastar o máximo possível daquele presídio e assim evitar de
ficar preso tal qual um animal num zoológico.
Andei por vários
quarteirões, e não via ninguém pelas ruas, até que entrar em uma ruela, ouço
gritos dentro de uma casa que parecia estar abandonada, os gritos eram de
desespero, uma mulher em desespero, não pensei duas vezes, entrei e pude ver
uma mulher, já de certa idade, com um zé droguinha apontando uma arma para ela,
eu entrei sem que eles me percebessem, e pude ouvir o zé droguinha ameaçando
ela, que a mataria se ela não entregasse o dinheiro e o celular, a mulher
estava pegando algo na bolsa, quando o moleque deu uma coronhada nela, que caiu
desacordada, deixando cair a bolsa e mais algumas coisas e em sua mão estava a
carteira, que provavelmente ela estava indo entregar para aquele pivete.
Minha sede aumentou,
e apesar de odiar drogados, pois me enoja pessoas que são dementes o
suficiente para se tornarem escravas de um veneno, sem contar que o sangue deles
não é tão agradável. Mas naquele momento já sabia que ele se tornaria meu lanche.
Não fiz questão de
esconder minha presença, andei em direção ao crackeiro, ele apontou a pistola
em minha direção, achando que isso ia me fazer parar... pobre coitado...
faltando pouco mais que cinco passos para eu chegar até ele, ele disparou,
atingiu meu ombro, eu sorri, ele sem entender foi disparar novamente, mas
provavelmente já tinha trocado as demais balas do pente da pistola por pedras
de crack, e nem dei tempo para ele apertar o gatilho novamente. Sem dó nem
piedade, ele com o braço direito esticado, o segurei pelo pulso e mordi seu
braço na altura do bíceps, nessa rápida mordida, arranquei grande parte de seu bíceps,
e na mordida alcancei a artéria braquial, o sangue voou se espalhando no ar,
junto do grito de pavor e dor daquele maldito. A mulher que estava sendo
assaltada acordou, e mal me olhou para entender qualquer coisa que estava
acontecendo ali, e correu fugindo daquele local. O pivete começou a ficar
branco rapidamente, e então não resisti, vi uma veia saltada em seu pescoço, a
retalhei com os dentes. O cheiro ferroso inconfundível novamente me inebria, só
Deus sabe a sensação de prazer que isso me traz... Meus pelos se eriçam só
de imaginar os jato rubros vindo em
direção ao meu rosto, e após alguns instantes, aquele sabor inconfundível das
gotas que insistem em cair em meus lábios, assim só aumentando minha sede, e a
cada nova estocada, mais jatos escarlates insistem em jorrar em meu rosto,
fazendo eu me render ao desejo de saciar minha sede, abrindo minha boca para
sentir todo o fluido morno e saboroso se infiltrar em minha língua, fazendo
minhas papilas gustativas entrarem em êxtase. Nesse momento sei que me torno
mais que um reles mortal.
Matei minha sede,
sinto um bem-estar sem igual, estou energizado, olho em minha volta e vejo que aquela
mulher deixou cair um bloco e uma caneta, e aqui estou, escrevendo para vocês,
acho que aqui vai ser meu lar por algum tempo. Ao menos enquanto escrevo para
vocês sobre o que passei para chegar até aqui.
Escrito por: Mário Resmin Jr
De: Não Entre Aqui
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