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- Eu não sei mais o que podemos fazer amor. Estamos num beco sem saída.
- Querido, não vamos nos desesperar, deve haver algum jeito. Deve haver algo que possamos fazer e-

- Chega! Já chega! Eu não aguento mais isso, não aguento mais me sentir impotente. Temos muitas dividas, nenhum trabalho, nada para vender e logo não teremos onde morar!
- Mas Scott, amor. Tenho certeza que Deus dará um jeito. Nós não vamos mais passar fome, só temos que ter fé. 

- Não dá querida, não teremos um teto para morar a partir de segunda. Já temos pouco para comer e teremos menos ainda...
- Amor, não fala assim.

- Para, chega Judith. Eu estou desesperado, não sei o que fazer e logo... 
- Eu sei.

- E logo nosso filho vai nascer. O que será de nós?
- Eu sei meu bem. Eu também não queria que fosse assim. 

- A quem vamos recorrer? Não há ninguém que possa nos ajudar.
- Eu sei amor.

- Eu só queria uma solução. Só isso.
- Tenho fé de que tudo vai dar certo amor. 

- Tudo bem minha princesa. Eu amo você - Scott beija a testa de sua mulher, sua mão acaricia o ventre de Judith e continua a falar - e também amo você, meu filho que está por vir. - e se agacha, beijando a barriga de sua mulher. 
- Nós também te amamos, querido. 

- Tomara que seja um menino - ele a olha com os olhos em lágrimas, lagrimas de felicidade - agora eu vou, meus amores. Preciso conseguir algo para a janta. Hoje vai ter peixe meu amor.
- E eu vou preparar uma salada para acompanhar a carne branca. 

Os dois riem.

- É tudo o que temos. Salada e alguns peixes pequenos... - seus olhos brilham enquanto a olha - Se cuida amor, mais a noite eu volto. 
- Tudo bem minha vida, até de noite. 

Scott pega sua bolsa do chão e a vara de pesca que estava escorada na parede e sai pela porta do pequeno barraco em que os dois viviam. Mal sabia ele que aquele dia, mudaria sua vida para sempre.

***

- Droga. Não acredito que só consegui isso.

Scott olha decepcionado para o balde contendo dois pequenos peixes. Já passava das 21hrs e ele não havia conseguido nada mais além daquilo. Estava escuro, ele estava faminto e sua mulher estava em casa sozinha. Chateado, triste por não ter conseguido praticamente nada, ele toma o rumo de volta para casa, na escuridão, com apenas uma lanterna em mãos.

Ele caminhou por uns quinze minutos até chegar novamente na estrada de terra que o levaria para seu lar. Ele segue a estrada e, sem querer, tropeça, deixando o balde com os peixes cair no chão.

- Droga, que desgraça! - ele levanta furioso e desfere as mais horríveis palavras, algumas inclusive, voltadas contra Deus, culpando-o por sua situação e reclamando por não ter ajuda, por estar sofrendo, por estar angustiado e desesperado.

O homem ajunta os dois peixes do chão, coloca-os de volta ao balde e se levanta, chorando.

- Posso ajuda-lo?

Scott olha para frente assustado e aponta a luz de sua lanterna, que revela a ele uma linda linda mulher a sua frente. 

- Quem é você?
- Eu? - a moça dá um leve sorriso - Eu sou aquela que veio para salvar a ti e tua mulher. 

- O que? O que sabe sobre mim e minha mulher?
- Eu sei de tudo. - o silencio e um frio repentino tomou o lugar, ela fez uma pausa, enquanto olhava para o rosto intrigado de Scott - E eu posso ajudá-lo.

- Você não sabe de nada! Nem conhecemos você! E você nem sequer disse seu nome!
- Ouça, Scott. Eu sempre estive a observar você e sua mulher. Sei que vocês mal tem o que comer e logo não terão nem um teto para proteger você, sua mulher e seu filho que está por vir. - e ela não parou de lhe dirigir palavras - sei que você está cansado, irritado, angustiado; sei que você e sua mulher pedem, pedem todos os dias para... para Deus. Mas ele não o ouve, nem sua mulher que nesse mesmo momento e em todos os que você não está com ela chora por não ter escolhido um homem melhor. Chora pela vida miserável que tem e só não se matou ainda em amor a criança que ela carrega no ventre. 

Scott não conseguia dizer uma palavra, ele estava perplexo e a mulher não parou de falar:

- As forças que Judith tem vem da criança que ela carrega no ventre, não de você Scott. Não de sonhar com uma vida melhor. Mas apenas de fazer o que for preciso para salvar a criança Scott. Ela quer salvar o seu filho. Você não quer Scott?
- Eu - ele fez uma pausa, seu olhar se perdeu em outra direção, um olhar de desilusão e então tornou a olhar para a mulher - é claro que eu quero, mas n- e foi interrompido -.

- Então Scott! Não seja covarde. Não seja o incompetente que sempre foi! Eu posso ajudar você, eu posso te ajudar! É só você aceitar!
- Tá bom, eu aceito sua ajuda! - ele exclamou com a voz alterada em um tom quase gritante.

No mesmo instante a mulher quebra a barreira que era a distância entre Scott e ela e aparece a sua frente, encostando seu corpo ao dele e uma boca próxima a outra. 

Scott pôde sentir a respiração da mulher... 

...e então, ela o beijou.

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