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Faz pouco mais de um mês desde o início do ano de 2019, e o cinema certamente estará lotado com o tanto de filmes enormemente esperados por fãs e por aqueles que gostam dos longas-metragens. Desde heróis e vilões até os nossos adorados filmes de terror, haverá de tudo. E olha que o ano promete, com várias sequências, refilmagens de alguns clássicos e adaptações de filmes. Entre eles estão O Grito, Chucky, IT 2, Cemitério Maldito, entre muitos outros... eu particularmente mal posso esperar!

No mês de Abril, estreia o filme A Maldição da Chorona pelo atualmente muito renomado cineasta malaio James Wan, que selou sua participação em Jogos Mortais, Invocação do Mal 1 e 2, da franquia Saw, em Quando as Luzes se Apagam e até mesmo no recente Aquaman. Mesmo o tão aguardado The Crooked Man conta com Wan para a história e produção do filme. Mas aquilo que eu quero trazer para vocês hoje não é sobre o filme em específico, mas sim sobre a lenda na qual ele foi inspirado.
 

A Maldição da Chorona não é o primeiro filme a tratar dessa lenda, mas ele contará sobre uma mulher que se transformara numa aparição que rouba crianças após afogar seus dois filhos num momento de raiva e de jogar-se no rio logo após, enquanto chorava de dor. Em Chicago da década de 70, uma assistente social encontra semelhanças entre um de seus casos e a história de Llorona. A assistente tem dois filhos, e a aparição busca crianças para substituir os que ela matara. De acordo com a lenda original, há diversas versões que mudam de acordo com a região em que a história é contada.

La Llorona é uma lenda muito comum nos países latino-americanos, fazendo parte do folclore e tendo sido passada por tradição oral ao longo dos séculos. Suas origens remontam a deuses e seres da mitologia dos povos aborígenes pré-hispânicos, e tem paralelos com algumas criaturas de outras mitologias, como a Lamia e a Banshee.
(Google Imagens)
Uma referência interessante é a de Cihuacóatl, deusa da terra, da fertilidade e dos partos para os astecas, além de mãe e mulher guerreira. Seu corpo era metade o de uma mulher e a outra metade, o de uma serpente. Segundo eles, ela aparecia de dentro das águas do lago de Texcoco para chorar pelos seus filhos, os astecas, como sexto presságio da devastação de sua cultura pelos colonizadores vindos do mar. Ela gritava: “Oh, meus filhos! Onde os levarei, para que não acabe por perdê-los?” e lamentava em prantos ao longo da noite.

Ela é também mãe das Cihuateteo; mulheres mortas durante o parto que descem à Terra em algumas noites para assombrar encruzilhadas e matar crianças.

A história de Cihuacóatl diz respeito ao período em que os colonizadores espanhóis chegaram à região. Depois da conquista do México, os povoadores afirmavam encontrarem a aparição de uma mulher com pele e roupas muito brancas e longos cabelos negros correndo pelas ruas, lamentando o destino de seus filhos. Corria pela Plaza Mayor (antigo templo) até o lago de Texcoco, onde desaparecia por entre as sombras. Essa foi uma história ampliada e depois, contada também por eles de maneiras diferentes; assim como muitas das nossas lendas indígenas.
(Google Imagens - Antigo lago Texcoco)
Ela é uma lenda tão forte que mesmo os turistas, ao visitarem esses países, afirmam terem ouvido as lamentações da Chorona em rios e lagos. Considerada uma das histórias mais populares no México, conta que era uma indígena apaixonada por um cavalheiro espanhol (ou descendente de espanhóis) e com quem teve pelo menos três filhos. Mas não houve um casamento e nem sequer um anúncio oficial desse amor, ele apenas a visitava, e isso incomodava muito a jovem mulher. No entanto, algum tempo depois, o homem por quem ela era apaixonada casara-se com outra, uma nobre espanhola, por maior conveniência.

Assim, A Chorona perdeu-se em ódio e dor e afogou os seus filhos no rio mais próximo. Ao ver o resultado do que fizera, sentira uma dor horrível. Por causa disso, à meia-noite, correu para esse mesmo rio e terminou por se suicidar. A partir daí, foi fadada a retornar como aparição, gritando em prantos e chamando por seus filhos nas margens do rio. Seus gritos ecoam à distância, e muitos de cidades ou vilas próximas conseguem ouvi-los. Ela caminha de maneira errante até chegar às ruas principais das cidades. Assim, as pessoas evitam circular pelas ruas e comentam entre si: “É a Chorona, ela chegou.” Junto dela, uma névoa branca espessa cerca o local, onde ela mal pode ser vista por causa de suas roupas e pele brancas.
(Google Imagens)
Na cidade do México, durante a época colonial, havia um toque de recolher às onze horas para que as pessoas não perambulassem pelas ruas quando fosse chegada a meia-noite, a hora em que a aparição costuma surgir; o mesmo horário de sua morte.

Em outras versões, seus filhos são tirados dela. Mas o final é sempre o mesmo: ela busca o suicídio para aliviar sua dor e culpa, ou vaga procurando por suas crianças até tornar-se uma entidade. É dito que quem a vê está fadado à morte próxima. Em outras versões, A Chorona busca crianças que possam substituir os seus próprios filhos. Ela pensa que mata-los pode trazer os seus de volta, mas isso jamais acontecerá e sua culpa apenas aumenta. Às vezes, as mães castigam os seus filhos contando para eles que, se desobedecerem aos pais, a Chorona virá assustá-los à noite e os levará embora.

México, Venezuela, Panamá, Colômbia, Honduras, Equador, Peru... muitos são os países, e mesmo quem não tenha a Chorona no folclore regional possui algum tipo de criatura que chora e se lamenta aos gritos pela noite, e isso desde muito tempo. É interessante como certas entidades existem em diversas culturas. Muitos filmes inspirados por La Llorona saíram, com o primeiro sendo na década de 30.

Na mídia moderna, a lenda também foi abordada no nono episódio da segunda temporada da série Grimm, em que La Llorona é também chamada de The Weeping Woman e sequestra três crianças a cada Halloween, afogando-os à meia-noite do dia primeiro de novembro esperando que seus filhos tomem o lugar delas.

E em Supernatural, um fantasma inspirado pela Chorona faz parte do plot do primeiro episódio da série. Chamada de Woman in White (Mulher de Branco), é uma aparição que rapta homens e crianças depois de ter sido traída pelo amado após ter tido filhos dele. Com o choque, ela os afogou e cometeu suicídio logo depois, sendo assim amaldiçoada a passar a eternidade vagando pela Terra à procura de suas crianças, chorando e gritando em sofrimento. Ela frequentemente perambula por rios e rodovias, encontrando homens infiéis e matando-os.

E então, ansiosos para as estreias em 2019? Espero que consigam assistir ao A Maldição da Chorona em Abril. Quando isso ocorrer, contem nos comentários se valeu a pena e as diferenças ou semelhanças que puderam encontrar com as lendas originais que escrevi aqui. Agora estão preparados para assistir ao filme, já sabendo de antemão a respeito da lenda! Mas ei, lembra-se das vozes que você costuma escutar de madrugada?

Será que, por acaso, alguma delas não se parece com o choro de uma mulher?





De: Não Entre Aqui

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