O cabritinho da mamãe

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Sai de casa apressado para buscar meu filho na escola. O trânsito estava fluindo bem naquele dia. Fora alguns faróis vermelhos, não havia nada no meu caminho. Foi enquanto eu esperava num sinal vermelho que eu notei uma mulher.

Eu não fazia ideia de quanto tempo  ela estava lá me encarando, mas depois que eu percebi eu não consegui mais desviar o olhar. Ela sorria como uma maníaca. Ela acenava pra mim com uma mão e mexia no cabelo de um menininho com a outra. Achei que era o filho dela. O menino estava usando uma roupa marrom muito larga e uma mascara de bode. Era uma fantasia bem estranha. E mais, quem usa fantasia no dia depois do halloween?

Ele também estava acenando e me olhando com aquela mascara perturbadora. Mas algo parecia errado, o aceno dele era forçado, como se ele estivesse desconfortável, com receio. O olhar da mulher era penetrante, como se pudesse me atravessar, ver através de mim. Ela nem piscava. Eu me sentia nervoso, exposto. Os olhos do menino, Deus, o olhar dele era de alguém que implorava por ajuda. A mulher parecia ficar cada vez mais impaciente, acenando com mais agressividade.

Eu parei de olhar. Por algum motivo eu estava apavorado. Eu precisava sair dali. Depois do que pareceu uma eternidade, o sinal ficou verde e eu acelerei. Sequer me atrevi a olhar o retrovisor.

Eu achei que nada poderia ser mais assustador do que aquele desconforto com o olhar da mulher e seu filho. Mas então eu cheguei na escola, e me disseram que meu filho não estava lá. Disseram que a minha esposa já havia buscado ele.

 Mas eu não tenho esposa.

 Eles me deram um bilhete, disseram que ela pediu que me entregassem. Não existem palavras para descrever o que eu senti quando li o bilhete.

"Não diga que eu não deixei você se despedir."

Traduzido por: Alicia Magalhães

Fonte: Sixpenceee de Lucas Pincer

De: Não Entre Aqui