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Ta bom, á essa altura, eu já estava surtando completamente. Talvez seja tudo coincidência né? A relação dos números e as letra de patrimônio com o nome e a hora da morte de Gabriela. Afinal, não seria plausível imaginar que existia alguma forma de conspiração relacionada á prefeitura da cidade, ou quem sabe, algo maior. Pense bem, uma cidade pacata como Assis, interior do estado de São Paulo, o que há de significante nela? Absolutamente nada.

Dormi mal na noite anterior. Não tive nenhum sono gritantemente significante, apenas sonhei que estava em uma sala escura mas de certo modo relativamente iluminada para que eu pudesse ver ao meu redor, no fundo da sala, em uma parede descascada e extremamente desgastada por o que parecia ser infiltração no interior dos tijolos que constituíam aquele local claustrofóbico, havia um cartaz de desaparecido. Era o mesmo que havia visto no trabalho 2 dias atrás, senhor Onorico.

Enquanto olhava o cartaz e dessa vez tentava absorver o maximo de informações, ouvi o ranger de uma porta se abrir, e então acordei rapidamente.

Olhei para os lados já na espera de ser mais uma paralisia do sono, mas dessa vez tudo estava normal. Desbloqueei a tela de meu celular e o relógio marcava 06:30. Era óbvio que eu não iria conseguir voltar a dormir, então fiquei cerca de 30 minutos deitado mexendo no celular, abri a conversa com a Bruna, e fiquei lendo e relendo nossas últimas mensagens, tentando encontrar alguma explicação lógica para o que parecia ser uma conspiração totalmente ilógica.

Pensei bem até que minha mente deu uma clareada abrupta. “Talvez eu não deva provar que estou errado, mas sim, que estou certo.”.

Então em vez de ficar um bom tempo em negação, fui atrás de pesquisar o histórico de desaparecimentos da cidade, e tentando relacionar com a hora em que ocorreu minha última paralisia do sono.

“Senhor Onorico é? Vamos ver o que ocorreu”.

Não foi difícil encontrar informações sobre. Aparentemente ele era um idoso Boliviano de 70 anos, não sabia se comunicar em português muito bem, desapareceu por volta dás 19 horas de outubro de 2017 e foi encontrado alguns dias depois, desorientado e falando coisas sem sentido. Aparentemente morreu dias depois, mas horário e causa da morte não foram divulgados.

Havia vários outros artigos mais ou menos do mesmo gênero. Mas já era hora de eu ir trabalhar, então resolvi deixar tudo isso de lado momentaneamente e ir trabalhar como se nada tivesse acontecido.

Rodrigo estava um tanto quanto agitado naquela manhã, ele não parava na sala, dizendo que tinham várias pessoas cobrando ele de documentos que averiguam a transferência de alguns bens. Ele se sentou em sua mesa por cerca de 2 minutos, fiquei observando o que ele fazia enquanto ouvia suas reclamações perante os funcionários do local, que sempre deixavam a desejar. Em meio a tantas palavras, ele soltou, o que pareceu ser sem querer, uma frase um tanto quanto curiosa: “Pessoas que não chegam em um consenso assim, deviam ser usadas como a...”. E então mudou de assunto como se reclamasse de algo no computador.

Olhei para o monitor dele, um tanto quanto mais atento agora, e percebi que o sistema que ele utilizava não era igual o meu. O dele parecia haver um ícone de lupa ao lado dos números patrimoniais, algo que não havia reparado antes que não tinha no sistema que eu utilizava.

Meu chefe saiu rapidamente da sala, me entregando uma cópia da chave da mesma para que eu trancasse caso ele não voltasse antes das 14 horas. Após essa afirmação hipotética dele, conclui que talvez fosse demorar para voltar. E como um bom otário, resolvi dar uma espiada no sistema de transferência que ele usava.

Era aparentemente igual o meu, quando as abas estavam fechadas no computador, tudo era idêntico ao que eu utilizava. Talvez isso fosse proposital para que não despertasse a curiosidade do empregado.

Fui na parte de pesquisas, e pesquisei pelo patrimônio que eu deveria, G0400L. Cliquei na lupa ao lado e abriu um arquivo que parecia estar em pdf.

Porra, que merda tava acontecendo? Que inferno era aquele?

No topo do arquivo, estava o logo da prefeitura, mas com uma flecha quebrada minúscula ao lado. E abaixo, estava o nome... O nome de Gabriela Lara. Era como uma ficha criminal, mas com informações que divergiam de atos ilícitos. Uma foto 3x4 dela estava anexada no arquivo, o que me causou uma leve tontura e desorientação, fechei os olhos um pouco e voltei á ficar são.

Ao que parecia, ela não possuía laços afetivos significantes, o que a tornava um “alvo” fácil, se assim posso dizer. Havia uma outra página, fiquei curioso e ao mesmo tempo com muito medo de continuar.

Rolei o mouse para baixo engolindo seco a saliva, sem sabe que o que me aguardava era ainda mais horrendo do que tudo que havia visto até agora.

O título da página era “Como cortar e aproveitar as partes”, haviam fotos horríveis de Gabriela ainda viva gritando desesperadamente enquanto pessoas de máscaras e luvas cortavam partes de seus corpos e guardavam em uma caixa com gelo. Cada foto explicava o modo de se fazer o corte para que sangrasse o menos possível, fazendo assim a vítima sobreviver o máximo de tempo crível. Nas outras fotos ela já estava meio desacordada, seus olhos levemente apagados gritavam por socorro enquanto sua última gota de vida se esvaia de seu corpo.

Uma última anotação no arquivo dizia: “Hora da morte: 4:00 da manhã em ponto. Corte vertical na artéria de condução na perna direita foi letal devido a profundidade do mesmo”.

Enquanto eu absorvia toda aquele informação, senti o mundo girar, meu estômago não ia aguentar e acabei vomitando no lixo ao lado da minha mesa. Minha ansiedade estava me matando, minha mente agora pensava em milhares de coisas ao mesmo tempo de forma a me dar uma dor de cabeça gritantemente insuportável, era como se cada célula do meu corpo começassem a se chocar uma com a outra. Um sentimento esgormitante e insuportável. Mas precisava me recompor, se eu queria entender o que estava acontecendo, precisava respirar fundo e continuar.

Me movi até minha mesa me segurando no que eu encontrava ao meu redor, peguei o resto de uma água que estava ali do dia anterior, respirei calmamente e voltei ao meu corpo.

Lembrei-me do arquivo no meu computador que dizia “problemas 2017” e que guardava apenas o número de um patrimônio, “O0532P”.

Corri até o computador de Rodrigo, e pesquisei rapidamente por ele como se meu chefe estivesse prestes a abrir a porta e não me restasse tempo. Outro arquivo pdf abriu, dessa vez havia apenas uma página, era uma ficha do senhor Onorico Pereira, dessa vez o nome estava grifado em vermelho, possuía uma foto do senhor e dizia que era mentalmente instável e incontrolável. Uma nota grifada em amarelo dizia: “Capturamos a vítima para continuar nossos estudos e mantimentos, mas não era seguro. Não previmos que possuía familiares que sentiriam sua falta, e devido sua doença mental, se soltássemos ele ninguém acreditaria em sua história, por tanto decidimos poupá-lo. [..] Onorico veio a falecer 4 dias depois ás 05:32 da manhã.”.

Aquilo pra mim era o suficiente, tirei uma foto da tela do computador para que eu pudesse ler novamente mais tarde, fechei o arquivo e sentei no meu computador enquanto pensava nos meus próximo passos.

Mandei a foto para a Bruna, apesar de parecer ser um erro colocá-la no meio disso tudo. Ela visualizou quase instantaneamente.

“Bruna está digitando...”

Bruna: “Matheus, o que é isso?”

Eu: “É exatamente o que parece.”

Bruna: “Porra, que caralho, que merda ta acontecendo aí?”

Eu: “Eu não sei, havia um arquivo ainda pior da Gabriel Lara, mas acabei esquecendo de tirar foto”.

Bruna: “Ele faleceu próximo da hora que você teve sua segunda paralisia, o que explica o homem que murmurava algo que você não entendia.”

Eu: “Sim, mas a causa da morte não foi divulgada, por que será?”

Bruna: “Você tem que sair daí agora!”

Eu: “Porque?”

Bruna: “Porque seja lá o que estiver acontecendo, ainda não acabou. Pense, Gabriela morreu e você a viu no instante de sua morte também. O que nos deixa outra pergunta...”

Eu: “Qual?”

Bruna: “O que diabos era aquela coisa junto do senhor falecido na sua segunda parilisia?”.

***

Leia Mais: Eu não como mais carne - Parte 5
Escrito Por: Matheus Muniz
De: Não Entre Aqui

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