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Eu tinha uns 7 anos e meu irmão uns 10. Já havíamos passado muito da hora de dormir quando nossa mão acordou no sofá e nos colocou na cama. Nosso pai trabalhava em construções fora da cidade naquela época, então era normal ficarmos só nós três na casa por algumas semanas. Subindo as escadas, a primeira porta à direita era o quarto dos nossos pais. Pegando a esquerda, você estaria no meio do corredor. Se pegasse a esquerda de novo, você estaria no quarto do meu irmão. Do outro lado estava o meu quarto, que também ficava em frente ao banheiro do andar de cima. De cada lado do corredor tinham portas com janelas que sempre estavam trancadas e nós raramente usávamos. A porta do meu lado dava numa varanda com vista para o nosso quintal da frente e a porta do lado do meu irmão dava no quintal dos fundos (a casa ficava no meio de uma colina pequena).

Meu irmão e minha mãe tinham o hábito de acordar no meio da noite para ir ao banheiro. Eu só sabia disso porque sempre tive sono leve e eles sempre davam descarga quando a porta já estava aberta. Essa noite, no entanto, meu irmão parou no meio do caminho pro quarto e voltou em direção ao banheiro, “eu vou tentar fazer xixi antes de ir dormir. Nas últimas noites eu fiquei com muito medo de ir até o banheiro. Eu fico vendo um homem listrado no final do corredor.” Eu não sei se minha mãe viu isso como meu irmão tentando contar alguma história de fantasma pra me assustar ou se ela já estava dormindo em pé e não entendeu, mas ela não teve nenhuma reação com o que meu irmão disse. Eu, por outro lado, fiquei aterrorizado. O medo de ver um fantasma como esse no fim do corredor ou pelas janelas me fez criar o costume de correr das escadas até meu quarto à noite.

Anos depois, quando eu tinha por volta de 18 anos, minha mãe e eu estávamos conversando sobre um cachorro que tivemos quando eu era pequeno. Estávamos contando histórias sobre a tendência do Max a comer meus sapatos e fazer outras malcriações quando minha mão soltou, “Você lembra aquela vez que eu abri a porta pros policiais e o Max correu pra cozinha e rasgou aquele saco grande de ração?” Isso me pegou de surpresa, porque em todos esses anos nós nunca tínhamos chamado a policia (pais armados numa área rural, esse tipo de coisa).

Eu perguntei do que ela estava falando e ela pareceu igualmente surpresa, como se tivesse revelado algo por acidente. “Ah, verdade! Eu nunca te contei porque você era muito pequeno na época. Uma noite, eu acordei com uns barulhos lá fora na janela. Quando eu olhei, era um homem olhando meu quarto.” Ela contou que quando ela acendeu a luz o homem fugiu correndo e que ela pegou a pistola do meu pai antes de ligar para a polícia. “Eu não lembro de todos os detalhes, mas era um homem branco, alto, cabelo escuro, ele estava usando uma camisa listrada e jeans...algo assim. Eles disseram que batia com a descrição de um cara que eles estavam procurando. Parece que ele tinha sido condenado por homicídio e fugiu da cadeia.”

Eu sei que parece óbvio quando você escuta essas duas histórias, uma seguida da outra. Mas foi só a alguns anos, quando eu tinha uns vinte e poucos, que eu juntei as peças. Sem querer, meu irmão avisou a gente sobre um assassino que passou várias noites entrando na nossa casa.



Traduzido por: Alicia Magalhães
De: Não Entre Aqui




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